Tinha cara de Português, mas como é óbvio o mundo não é assim tão pequeno!!
Não ia encontrar um português nu e bom como o milho numa ilha perdida no Golfo da Tailândia. A um metro de mim.
Mas pelo menos achei que tinha cara de latino do Mediterrâneo. Curioso como sou a dada altura meti conversa e perguntei:
"Where are you from?!"
"Portugal!!"
O_O
Estivemos a conversar umas duas horas.
Tinha começado a viagem - há seis meses atrás - com um colega em Moscovo. Atravessou a Rússia, a China, desceu ao Laos, Cambodja, Vietname e agora andava pela Tailândia.
Tinha-se despedido.
Não era nenhum Cumbaiá à procura do Eu esotérico e que não queria mais viver num mundo capitalista opressor. Tinha sido desafiado por um colega, na área dele há trabalho de sobra em Portugal e na Europa, não tinha ligações afectivas e tinha um dinheiro posto de parte. E assim partiu.
Trocámos experiências - as minhas de turista as dele de viajante a sério. Voltámos a encontrar-nos no dia seguinte e a ficar ao lado um do outro. Um aceno de olá, e passado outras duas a três horas um aceno de adeus.
Este encontro teve qualquer coisa de estranho. Neste tipo de encontros perdidos no mundo com estranhos sabemos perfeitamente que nunca mais vamos encontrar aquela pessoa na nossa vida e por isso muitas vezes nos soltamos mais, sentimos mais livres e sem tabus, mas com este tipo não foi assim. Nem fiquei a saber o nome do enigmático Português. O rapaz era calado, um lobo solitário. Não fez uma única pergunta sobre mim. Eu fiz quase todas sobre ele - ou antes sobre a viagem. E pouco ou nada fiquei a saber sobre aquela pessoa.
Ontem tinha estado a falar com um italiano - cujo amigo que vivia em Koh Phangan e lhe recomendou esta ilha e mudou-se agora para Aljustrel - e fiquei a saber muito mais em meia hora do que com este bicho enigmático.
Não sei se seria a nudez, se o facto de ele ser Português, mas não entendi esta personagem.
Nem os sorrisos travessos.
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