sexta-feira, 30 de outubro de 2015

#5

Combinei com ele no Ibis de Setúbal - um espaço sem piada alguma, sem charme, sem alma. Apareceu depois de duas horas de espera e eu me ter olhado 20 vezes ao espelho numa tortura constante de inseguranças. Sorridente, como sempre, trazia Sumol para mim.
Distraiu-me, deambulou pelo quarto, experimentou todos os comandos, e mexeu em tudo o que havia para tocar.
Deitou-se ao meu lado, continuamos a conversar, beijei-o timidamente e num ápice ele salta da cama frenético.
A dor insuportável e noctívaga do tumor raro tinha voltado.
Foi como um sinal para mim. Sinal que já antevinha.
No dia seguinte, no parque de estacionamento, despedi-me dele e disse-lhe: "Não estou feliz. Esta é a última vez que me vês. Tal como combinámos encontramo-nos um dia...".

Epílogo:
Em tempos, tínhamos marcado encontro para quando as nossas vidas - ou a dele - estivessem mais calmas. Esse encontro seria passados 10 anos, na nossa cidade preferida, no banco de jardim em frente ao Guggenheim, exactamente entre as nossas datas de aniversário: 5 Junho de 2010. 



"Goodbye Stranger" Supertramp





5 comentários:

  1. Há histórias assim, e outras que não têm a "leveza" com que passas para quem te lê :-)

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  2. #1 ; #2 ; #3 ; #4 ; #5.... qualquer história de um de nós pode ser muito parecida como esta...

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  3. Quais foram as conclusões que tiraste desta experiência de vida? :)

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  4. Uma vez combinei um encontro para dali a 20 anos... Escrevi sobre isso no dia em que passaram os primeiros 10.
    Mas deixei de acreditar em reencontros.
    Abraço

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